Escolafeto: “entre” relações em uma escola

Abstract

Este trabalho teve como objetivo acompanhar os afetos que ganharam vida e intensidades nas relações que compus com/entre os sujeitos de uma escola estadual e que maneiras de praticar a escola estes mesmos afetos fomentaram nas dinâmicas de convívio no ambiente escolar. Busquei nos estudos de Spinoza (2013), Maturana (1998) e Carvalho (2009; 2011; 2012) pontos de ancoragem que sustentassem as problematizações evidenciadas neste estudo, pois tal instituição é aqui discutida como escolafeto que se viabiliza pelas indeterminações dos encontros, das afecções e dos afetos com/nela realizados. Neste sentido, foi realizada uma pesquisa de intenção cartográfica na Escola Estadual “Madre Santa Face”, situada na cidade de Viçosa-MG, instituição na qual componho o quadro de servidores efetivos e exerço a função de professora de Educação Básica dos Anos Iniciais. Para isso segui as tramas relacionais tecidas em meu conviver e fiz uso do caderno de campo para registro das narrativas cotidianas das/nas conversações entre meus pares. Deste modo, a tessitura desta pesquisa teve também como ferramenta de construção o meu corpo, uma vez que foi ele o campo de experimentação no encontro com outros corpos, ao enunciar os afetos e as linhas de intensidades a comporem as cenas que me afetaram nos cotidianos da escola pesquisada. As cenas anunciaram produções de realidades singulares que apareceram no enovelar das narrativas e as teorias utilizadas surgiram como demanda do que foi narrado. Neste sentido é que as temáticas da diferença, do gênero, das territorialidades femininas e docentes, e a problematização entre currículo escolar e sexualidade(s) compuseram as discussões deste estudo. Em termos conclusivos, e extrapolando as tramas de convívio da instituição pesquisada, a construção deste trabalho indicou que vivenciar a escola a partir dos afetos nos permite compor através das relações com seus praticantes múltiplas e diferentes narrativas, já que cada instituição é constituída por tramas e sujeitos plurais, pois, pelas afecções, os sentidos realizados nas relações com os sujeitos evidenciou a escola como dimensões complexas de um território existencial que se estende pelos fios da política, da religião, da moral, da ética, do gênero, da sexualidade, dos movimentos e da rigidez curricular. Elementos estes, que, envolvidos nas indeterminações dos encontros inventam o coletivo da escola.

This work had as objective to accompany the affections that got life and intensities in the relations that I composed with/between subjects from a state school and what ways of practicing the school these same affections fomented in the living dynamics in school environment. I searched in the studies of Spinoza (2013), Maturana (1998) and Carvalho (2009; 2011; 2012) anchoring points that support the problematizations evidenced in this study, since this institution is discussed here as escolafeto that is made possible by the indeterminations of encounters and affections made with / in it. In this sense, a cartographic intention research was carried out at the Escola Estadual "Madre Santa Face", located in the city of Viçosa-MG, an institution in which I am part of the effective staff and I work as a teacher of basic education in the early years. For that I followed the relational plots woven in my life and I made use of the field notebook to record the daily narratives of/in the conversations between my pairs. Thus, the research texture also had my body as a tool of construction, since it was the field of experimentation in the encounter with other bodies, when enunciate the affections and lines of intensity that compose the scenes that affected me in daily life of the researched school. The scenes announced productions of singular realities that appeared in entangle of the narratives and the theories used arose as a demand of what was narrated. In this sense, the themes of difference, gender, female and teacher territorialities, and the problematization between school curriculum and sexuality were part of the discussions of this study. In concluding terms, and extrapolating the relational plots of the research institution, the construction of this work indicated that experiencing the school from the affections allows us to compose through the relations with its practitioners multiple and different narratives, since each institution is constituted by plots and plural subjects because through the affections the senses realized in the relations with the subjects showed the school as complex dimensions of an existential territory that extends through the threads of politics, religion, morality, ethics, gender, sexuality, movements and of curricular rigidity. These elements, which, involved in the indeterminations of the encounters, invent the collective of the school.