Fatores associados a concentração de iodo urinário em gestantes e nutrizes – um recorte do EMDI-Brasil

Abstract

No mundo, a deficiência iódica prevalece alta ao mesmo tempo que o consumo do sal aumenta na população. O grupo materno-infantil é o mais afetado provocando efeitos irreversíveis para o bebê. Revisões sistemáticas recentes têm explicado este fato por fatores demográficos, econômicos, ambientais, de saúde e do consumo alimentar terem influência sobre a concentração de iodo urinário nas mulheres. Avaliar os fatores associados ao estado nutricional de iodo em gestantes e nutrizes. O presente trabalho faz parte do Estudo Multicêntrico de Deficiência de Iodo (EMDI-Brasil). Os documentos produzidos para esta tese foram três artigos de revisão e um artigo original. As revisões sistemáticas que incluíram o grupo materno-infantil foram desenvolvidas de acordo com a metodologia do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). Para a inclusão dos estudos, foram consideradas as intervenções como o consumo de sal iodado, suplementos e alimentos fortificados com iodo e como desfechos considerou-se os níveis de concentração de iodo na urina de gestantes e nutrizes, do leite materno da nutriz e o perfil do desenvolvimento neurocognitivo nas crianças. Os resultados foram analisados no programa software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS ® ) versão 27, com base em frequências absolutas e relativas, média e desvio padrão, mediana, percentis (25º e 75º) e regressão linear simples considerando-se significativo p<0,05. O artigo original, de delineamento transversal, foi composto por uma amostra total de 319 gestantes e nutrizes, com idade ≥ 18 anos, sem histórico de doença tireoidiana, atendidas nos serviços pré-natal, de puerpério e de vacinação dos seus filhos de 14 Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Viçosa-MG, entre 2018 e 2020, foram coletados 20 mL de urina, 50 g de sal, 50g de tempero das gestantes e nutrizes e 400 mL da água das UBSs em que as mulheres foram atendidas. Foram realizadas entrevistas, através de um questionário com auxílio do software Research Electronic Data Capture (REDCap ® ) versão 8.10.1, onde foram coletadas informações sobre as variáveis sociodemográficas, gestacionais, puerperais, clínicas, bioquímicas, de hábitos de vida, sobre o consumo alimentar e hábitos de compra e uso do sal. Os resultados, foram analisados no programa SPSS ® versão 27 e no programa Stata ® versão 13, onde foram analisadas as frequências absolutas, relativas, médias, medianas, percentis (25º e 75º) e regressões lineares simples e os seus respetivos intervalos de confiança (95% IC). As participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (parecer n o 2.496.986). De acordo com os estudos de revisão sistemática, o grupo materno-infantil com foco nas gestantes e nutrizes mostrou-se como o mais afetado pela deficiência iódica no mundo. Contudo, observou-se uma melhora nos níveis de iodúria na população ao longo dos anos, com o aumento da adequação da concentração de iodo urinário (CIU) de 16,9 para 166% e, uma redução da taxa de bócio da anterior 1,2 para 62%. Esta modificação é resultante do aumento no número de países no mundo com programas de iodação sustentáveis. O que em parte, a suplementação e o consumo de alimentos fortificados com iodo contribuíram para melhorar o perfil de iodo urinário, o conteúdo de iodo no leite materno e consequentemente o estado nutricional de lactentes, quando o consumo de sal não foi suficiente para atender as necessidades iódicas em mulheres residentes em áreas com deficiência moderada a leve de iodo (mediana de CIU < 100 μg/L para nutrizes e < 150 μg/L para gestantes). Assim, gestantes e nutrizes, por constituírem um grupo populacional em que a recomendação de ingestão diária de iodo é quase o dobro da recomendação para demais adultos, apresentam maior risco de inadequação. No artigo original, detectou-se uma prevalência baixa da deficiência de iodo em gestantes e nutrizes (proporção de deficiência de iodo abaixo de 50%). E que a adequação do conteúdo de iodo no sal, o conteúdo de iodo na água, o local de conservação do tempero caseiro e o consumo diário de refeições nos domicílios contribuíram para a melhora dos níveis de iodo urinário. Considerando que o conteúdo de iodo na água ser baixo (< 10 μg/L ) e do temperos se associar a valores baixos de CIU, o consumo do sal puro adequadamente iodado junto com o de refeições diárias no domicílio são os que mais disponibilizam e adequam o consumo de iodo no grupo avaliado. Os achados deste estudo contribuem de forma significativa para obtenção de informações que subsidiam a necessidade do reajuste dos valores de ingestão de iodo para o grupo materno infantil e monitoramento ao longo do tempo o seu impacto. Contudo, mais estudos são necessários para comprovar esses achados de modo que, se construam políticas e se desenhem estratégias concretas, direcionadas e efetivas para o combate da deficiência. Palavras-chave: Iodo. Aleitamento materno. Consumo alimentar. Iodúria. Gestação. Lactação.

In the world, iodine deficiency prevalence remain high at the some time iodised salt increase in population. This affect more in maternal and infant group induced irreversible effect in their baby’s. The new systematics reviews showed iodine deficiency associated with demographic, heath, food consumption factors with determine of changes iodine urinary in women. To assess associated factors with iodine status in pregnant women and lactating women. This study is part of national study that is Estudo Multicêntrico de Deficiência de Iodo (EMDI-Brasil). The documents produced for this examination exam were three systematic review and one original research. The systematic review that included maternal-infant group was developed according to Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) method. For systematic review studies the intervention were iodised salt consumption, supplements and fortified foods with iodine intake and outcomes were iodine level in urine, in breast milk and status of neurodevelopment of your newborns or children. The results were analysed in software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS ® ) version 27 and these were showed in frequency, mean, standard deviation, median, percentiles (25º and 75º). Linear regression and their interquartile range (95% IIQ: 25º and 95º) with significant p<0,05. The original research was a cross-sectional study with 319 pregnant women and lactating women in total with more than 18 years old, no history of thyroid diseases, in the antenatal`s, puerperium`s and routine childhood vaccination`s consultation in the twelve Health Basis Unit (HBU) of Viçosa-MG, between 2018 and 2020. The data were collected 20 mL of the casual urine and next 50g of the salt and seasoning ingested, 400mL of the water in UBS where mothers provided nursing care. During interview, was applicated the Research Electronic Data Capture (REDCap ® ) questionnaire version 8.10.1. where was collected sociodemographic, pregnancy, puerperal, clinic, biogeochemical, lifestyle, food consumption, purchasing and eating salt. All data were analysed in software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS ® ) version 27 and STATA ® version 13 and this showed in frequencies, mean, median, percentile (25º and 75º), multivariate linear regression and their confidence intervals (95% CI). All participant signed informed consent term (TCLE). The project was approved by the Ethics Committee on Human Research of Federal University of Viçosa (Opinion no. [2.496.986]). According to the systematic review studies developed, the maternal-infant group focused on the pregnant and lactating women showed to be the most affected by iodine deficiency, what is that many evidences showed. Therefore, monitoring iodine status check-in the socio-demographic, ecological and clinical factors that are determinants of changes in eating habits must be the priority in scientific studies. About the iodine intake status, showing the improve in level of iodine in population in the world with increase of adequacy of the Urinary Iodine Concentration (UIC) from 16,9 to 166% and a reduction goiter rater the previous 1,2 to 62% now. That was important to increase the number of countries in the world with iodization salt programs sustaining. The supplementation and fortified foods in iodine consumption have been shown to provide iodine profile in urinary, in breast milk iodine concentration and consequently in the nutritional status of infants, when the salt consumption no is effective to supply iodine needs of the women lives in moderate to mild iodine deficiency areas (median of IUC <100 μg/L to lactating women and <150 μg/L to pregnant women. Although, pregnant and lactating women needs iodine intake near double of the general population, can be difficult to be adequacy. In the original article, showed low iodine deficiency, but worrying in pregnant women and lactating women (iodine deficiency below of 50%). The factors with iodine concentration and their coverage adequate in salt, iodine concentration in water, place of keep seasoning and meal daily consumption in household were associated with higher urinary iodine concentration in women. Consider iodine content in drinking water is low (below 10 μg/L) and iodine content in seasoning is associated with low UIC, adequate iodised salt join meal daily consumption in household are the principal food supply that provide adequate iodine intake in women. The findings of this study contributed significantly to be factors to achievement subsidize to readjust level of the iodine intake in maternal-infant group and to monitory in overtime their impact. However, more studies are necessary to find these findings in order to building politics and designing strategies focused, directed and effective to fight iodine deficiency. Keywords: Iodine. Breastfeeding. Food consumption. Urinary iodine concentration. Pregnancy. Lactation.