Efeito da exposição subcrônica do extrato etanólico de Athenaea velutina (Sendtn.) D'arcy (Solanaceae) sobre parâmetros testiculares e epididimários de ratos Wistar

Abstract

O uso de plantas com propriedades terapêuticas tem mostrado efeito positivo sobre funções reprodutivas. O gênero Athenaea (Solanaceae) é encontrado principalmente em regiões de Mata Atlântica. A espécie Athenaea velutina (Sendtn.) D’arcy tem se mostrado promissora em estudos recentes como fitoterápico em modelo patológico, sendo seu efeito associados aos compostos vitanolídeos encontrados no extrato. No entanto, não se tem estudos sobre sua ação na reprodução, assim como seus possíveis efeitos toxicológicos, principalmente sobre órgãos reprodutivos. Assim, o presente trabalho avaliou os efeitos do extrato etanólico da folha de A. velutina sobre órgãos reprodutores masculinos de ratos Wistar. Animais adultos tratados por 28 dias foram divididos em seis grupos experimentais (n=5/grupo): controle, tratados com PBS e 1% de DMSO; e os tratamentos com 250, 500 e 1000 mg/kg do extrato de A. velutina (G250, G500 e G1000). Dois grupos foram mantidos por mais 14 dias, sem o tratamento, para avaliação da ocorrência tardia de possíveis efeitos toxicológicos e foram denominados como: controle recovery, inicialmente tratados com PBS e 1% de DMSO; e G1000R, inicialmente tratados com 1000 mg/kg do extrato de A. velutina. O extrato de A. velutina não mostrou causar alterações em parâmetros clínicos e biométricos nos animais tratados. Em relação ao testículo, a avaliação microscópica evidenciou vacúolos na base e ápice do epitélio seminífero de alguns animais do grupo G1000. Observou-se alterações em parâmetros morfométricos tubulares, como aumento no percentual e volume da túnica própria, na altura do epitélio e no índice epitéliossomático, assim como diminuição no percentual e diâmetro do lúmen dos animais dos grupos G500 e G1000. Os componentes intersticiais não apresentaram alterações nos animais tratados com A. velutina. A estereologia e morfometria das células de Leydig mostrou aumento no diâmetro nuclear e em seus componentes nos animais dos grupos G500 e G1000. A histologia e morfometria do epidídimo dos animais tratados com extrato de A. velutina não apresentou alterações significativas. Em relação à atividade das enzimas antioxidantes, nenhuma alteração foi observada nos animais tratados. Por outro lado, o malondialdeído em animais dos grupos G250 e G500 teve sua concentração reduzida. Este trabalho mostrou que, apesar de algumas alterações estereológicas e morfométricas encontradas no testículo, o extrato de A. velutina não gerou toxicidade neste órgão, bem como no epidídimo. Pelo contrário, o extrato regulou positivamente as concentrações de malondialdeído oriundas de processos oxidativos celulares, mostrando um efeito benéfico para a reprodução masculina. Palavras-chave: Solanaceae. Morfometria. Estresse oxidativo. Toxicologia reprodutiva.

The use of plants with therapeutic properties has shown a positive effect on reproductive functions. The genus Athenaea (Solanaceae) is found mainly in Atlantic Forest regions. Athenaea velutina (Sendtn.) D’arcy has shown promise in recent studies as an herbal medicine in a pathological model, its effect being associated with the witanolide compounds found in the extract. However, there are no studies on its action on reproduction, as well as its possible toxicological effects, mainly on reproductive organs. Thus, the present work evaluated the effects of the ethanolic extract of A. velutina leaf on male reproductive organs of Wistar rats. Adult animals treated for 28 days were divided into six experimental groups (n=5/group): control, treated with PBS and 1% DMSO; and treatments with 250, 500 and 1000 mg/kg of A. velutina extract (G250, G500 and G1000). Two groups were maintained for another 14 days, without treatment, to assess the late occurrence of possible toxicological effects and were called: control recovery, initially treated with PBS and 1% DMSO; and G1000R, initially treated with 1000 mg/kg of A. velutina extract. A. velutina extract has not been shown to cause changes in clinical and biometric parameters in the treated animals. Regarding the testis, microscopic evaluation revealed vacuoles at the base and apex of the seminiferous epithelium of some animals in the G1000 group. Changes in tubular morphometric parameters were observed, such as an increase in the percentage and volume of the propria tunica, in the height of the epithelium and in the epithelosomatic index, as well as a decrease in the percentage and diameter of the lumen of animals in groups G500 and G1000. The interstitial components showed not changes in animals treated with A. velutina. The stereology and morphometry of Leydig cells showed an increase in the nuclear diameter and its components in animals in groups G500 and G1000. The histology and morphometry of the epididymis of the animals treated with extract of A. velutina did not present significant alterations. Regarding the activity of antioxidant enzymes, not changes were observed in the treated animals. On the other hand, malondialdehyde in animals in groups G250 and G500 had its concentration reduced. This work showed that, despite some stereological and morphometric changes found in the testis, the extract of A. velutina did not generate toxicity in this organ, as well as in the epididymis. On the contrary, the extract positively regulated the concentrations of malondialdehyde from cellular oxidative processes, showing a beneficial effect for male reproduction. Keywords: Solanaceae. Morphometry. Oxidative stress. Reproductive toxicology.