Práticas de aleitamento materno, consumo de alimentos ultraprocessados na alimentação complementar e hipertensão arterial em crianças prematuras

Abstract

O parto prematuro é considerado fator de risco para várias doenças, entre elas, doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial e dislipidemias, além de doenças renais e metabólicas. Aleitamento materno e planos alimentares apropriados nos primeiros anos de vida são essenciais para o desenvolvimento dos prematuros. Uma exposição precoce a alimentos ultraprocessados (AUP) pode acarretar um aumento no risco de doenças crônicas. Nesse contexto, o estudo objetivou analisar as evidências científicas quanto à associação entre prematuridade e hipertensão arterial, publicadas nos últimos 10 anos e analisar os lactentes prematuros quanto as práticas de aleitamento, consumo de ultraprocessados e fatores associados. Para o levantamento bibliográfico, realizado entre junho e julho de 2019, foram utilizadas as recomendações PRISMA nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Publisher Medline (Pubmed). Os descritores “premature birth”, “infant, premature”; “infant, low birth weight”; “fetal development” e “fetal growth retardation” foram combinados com cada um dos seguintes: “obesity”, “overweight”, “hypertension”, “atherosclerosis”, “hypercholesterolemia”, “hypertriglyceridemia” e “metabolic syndrome”. O artigo original trata-se de um estudo transversal. Os dados referentes a aleitamento materno, introdução alimentar, consumo de alimentos ultraprocessados e variáveis sociodemográficas foram investigados por questionários. Foi realizada avaliação antropométrica e analisada conforme as curvas de crescimento da OMS e exames laboratoriais para análise do perfil lipídico. Para o artigo de revisão foram incluídos 34 artigos originais, sendo a maioria estudos de coorte. As principais características dos estudos foram apresentadas de acordo com as variáveis estudadas juntamente com a PA: visão geral da associação entre prematuridade e hipertensão arterial, hipertensão e função renal e hipertensão e outros fatores de risco cardiovascular. Da amostra do artigo original, 51% nunca recebeu amamentação exclusiva, ou recebeu por menos de um mês; 29% recebeu entre quatro e seis meses e em 84% foi introduzido outro alimento antes dos seis meses. Feita a estratificação do consumo entre “nenhum/um tipo” e “mais que um tipo” de alimentos ultraprocessados, as variáveis “idade da criança” e “história familiar de sobrepeso/obesidade” estiveram positivamente associadas. Após as análises bivariadas e multivaridas, uma maior diversidade de ingestão de ultraprocessados esteve associada à renda familiar menor que 2 salários mínimos e à mães que trabalham fora. Como conclusão ainda é controverso se somente a prematuridade causaria hipertensão arterial, visto a grande relação também com o baixo peso ao nascer. Porém, há várias evidências que indicam um efeito negativo no parto prematuro na saúde renal, cardiovascular e metabólica levando a hipertensão arterial. Concluiu-se também que os lactentes prematuros estão em risco de desmame precoce e uso de AUP antes mesmo dos seis meses de idade corrigida. Palavras-chave: Prematuro. Aleitamento materno. Alimentação complementar. Alimentos ultraprocessados. Hipertensão arterial.

Premature birth is considered a risk factor for several diseases, such as cardiovascular diseases, metabolic diseases, renal diseases, arterial hypertension and dyslipidemia. Breastfeeding and suitable nutrition plans in the first years of life are essential for the healthy development of premature babies. Early exposure to ultra-processed foods (AUP) can lead to an increased risk of chronic diseases. In this context, the study aimed to analyze the scientific evidence regarding the association between prematurity and high blood pressure, published in the last 10 years and to analyze premature infants regarding breastfeeding practices, consumption of ultra-processed foods and associated factors. Were used PRISMA recommendations for the bibliographic survey in the Virtual Health Library (VHL) and Publisher Medline (Pubmed) databases, carried out between June and July 2019. The keywords "premature birth", infant, premature; infant, low birth weight; fetal development and fetal growth retardation were combined with each of the following: "obesity", "overweight", "hypertension", "atherosclerosis", "hypercholesterolemia", "hypertriglyceridemia" and "metabolic syndrome". The original article is a cross-sectional study. Data on breastfeeding, food introduction, consumption of ultra-processed foods and sociodemographic variables were investigated by questionnaires. Anthropometric evaluation was performed and analyzed according to the WHO growth curves and laboratory tests were realised to analyze each lipid profile. For the review article, 34 original articles were included, the majority of which were cohort studies. The main characteristics of the studies were presented according to the variables studied together with BP: overview of the association between prematurity and arterial hypertension, hypertension and renal function and hypertension and other cardiovascular risk factor. From the initial sample of the article, 51% never received exclusive breastfeeding, or received it for less than a month; 29% received between four and six months and in 84% another food was introduced before the sixth month. With the stratification of food consumption patttern between “none / one type” and “more than one type” of ultra-processed foods; the variables “child's age” and “family history of overweight / obesity” were positively associated. After bivariate and multivariate analyzes, a greater diversity of ultra- processed food intake was associated with family income of less than 2 minimum wages and working mothers. As a conclusion, it is still controversial whether prematurity alone would cause arterial hypertension, given the great relationship also between arterial hypertension and low birth weight. However, there is still a lot of evidence indicating that there is a direct correlation between prematurity and cardiovascular, renal and metabolic health leading to high blood pressure. It was also concluded that premature infants are at higher risk of early weaning and of AUP use even before the sixth month of corrected age. Keywords: Premature. Breastfeeding. Complementary feeding. Ultra-processed foods. Hypertension.