Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://locus.ufv.br//handle/123456789/11714
Tipo: Dissertação
Título: Algodão agroecológico no semiárido brasileiro: da produção à comercialização
Agroecological cotton in the brazilian semiarid region: from production to commercialization
Autor(es): Cardoso, Nágilla Francielle Silva
Abstract: A cultura do algodão é uma atividade econômica tradicional no Nordeste brasileiro e sempre esteve associada à agricultura familiar, seja em suas propriedades ou em parceria com grandes proprietários. Ao longo da história, o algodão passou por ascensão e declínio da produção e produtividade. O manejo historicamente pouco conservador das culturas no semiárido implicou em perdas importantes na qualidade do solo e produtividade nessa região, o que levou à busca de alternativas para o plantio do algodão no Ceará pelos agricultores familiares e parceiros a partir da década de 1990, visando um modelo de agricultura sustentável para a convivência com a região semiárida. O cultivo agroecológico no semiárido cearense tem apresentado resultados promissores ao empregar técnicas que favorecem a conservação ambiental, a viabilidade econômica e a justiça social. O objetivo deste trabalho foi sistematizar a evolução do cultivo do algodão agroecológico no semiárido cearense. A pesquisa caracterizou-se por ser exploratória e descritiva, utilizando técnicas participativas envolvendo diversos atores e instituições públicas e privadas, além de dados secundários. Para tanto, foram estabelecidas cinco fases do algodão agroecológico, definidas por períodos de tempo associados ao número de agricultores que cultivavam essa cultura em consórcios no Ceará: 1a) 1993 a 1997; 2a) 1998 a 2000; 3a) 2001 a 2008; 4a) 2009 a 2012 e 5a) 2013 a 2015. Os primeiros agricultores a se envolverem com o cultivo do algodão nos consórcios agroecológicos se organizaram em associação no município de Tauá – CE. Ao longo dos anos, alguns aspectos negativos influenciaram a adesão ou continuidade do cultivo do algodão agroecológico, tais como: falta de garantia de comercialização nas duas primeiras fases, ocorrência de pragas e dificuldades de conviver com elas, mão de obra familiar reduzida a agricultores mais velhos, baixo retorno financeiro da agricultura e irregularidade climática. Porém, estes fatores não foram suficientes para o fim do plantio dos consórcios agroecológicos com algodão. Nas duas primeiras fases houve iniciativas importantes para comercialização do algodão a um preço acima dos praticados para o algodão convencional, todavia com pouca garantia de continuidade, baseando-se em contratos esporádicos e não duradouros, não sendo fácil alcançar e dar continuidade a este mercado diferenciado. Apenas na terceira fase houve a garantia de compra do algodão agroecológico cearense a um preço muito superior ao praticado no mercado convencional, mesmo antes de plantarem o algodão, caracterizando o comércio justo. Em razão disso, o número de agricultores e a produção total do algodão agroecológico aumentaram no Ceará e em outros estados do Nordeste brasileiro. Outro diferencial da comercialização do algodão agroecológico no Ceará foi o fato da certificação orgânica, inteiramente adquirida por auditoria até a quarta fase, ter sido paga parcial ou totalmente por empresas compradoras do algodão. Em 2012, com apoio de um projeto que possuía ações de assessoria técnica ao desenvolvimento da agricultura familiar na região semiárida do Brasil, foram criados dois organismos de certificações participativos em duas regiões do Estado com a finalidade fazer com que os agricultores passassem a ser protagonistas da gestão algodão e terem responsabilidade em todas etapas do processo como: a negociação de preço, a busca de mercado, o beneficiamento, a venda, a realização dos contratos e a certificação. Na percepção dos envolvidos nessa pesquisa, o cultivo do algodoeiro agroecológico, além de ser um fator de fixação do homem do campo nas zonas rurais, garantiu melhores condições socioeconômicas, permitiu melhorias nas condições físicas, químicas e biológicas do solo, promoveu a segurança alimentar e nutricional das famílias e contribuiu para preservação da biodiversidade. Verificou-se, ainda, que as técnicas produtivas pouco se alteraram ao longo das fases e apresentaram impactos positivos na vida de milhares de famílias. O apoio de instituições parceiras foi fundamental para o desenvolvimento de alternativas agroecológicas para o cultivo do algodão e a convivência com o clima no semiárido brasileiro. Observou-se, ainda, que há possibilidade de sistemas produtivos para outros produtos que podem se assemelhar à experiência do algodão e ao modelo de comercialização justo e orgânico estabelecido no semiárido brasileiro.
The cotton cultivation is a tradicional economic activity in the Brasilian Northeast and it has always been associated with family farming, either on its estates or in partnership with large landowners. Throughout history, cotton went through ascencion and declines in production and productivity. Historically, the poor management of crops in the semiarid region implied significant losses in soil quality and productivity in this region, which led to the search of alternatives to cotton planting in Ceará by family farmers and partners from the 1990, aiming at a model of sustainable agriculture to the coexistence with the semiarid region. The agroecological farming in the semiarid region of Ceará has shown promising results by employing techniques that favor environmental conservation, economic viability and social justice. The objective of this work was to systematize the evolution of agroecological cotton cultivation in the semiarid of Ceará. The research was characterized by being exploratory and descriptive, using participatory techniques involving various actors and public and private institutions, as well as secondary data. For this, five phases of agroecological cotton were established by periods of time associated with the number of farmers who cultivated this crop in intercropping in Ceará: 1) 1993 to 1997; 2) 1998 to 2000; 3) 2001 to 2008; 4) 2009 to 2015 and 5) 2013 to 2015. The first farmers to become involved in cotton growing in the agro- ecological intercropping were organized in association in the city of Tauá – CE. Over the years, some negative aspects have influenced the adherence or continuity of agroecological cotton cultivation, such as lack of guarantee of commercialization in the first two phases, occurrence of plagues and difficulties to live with them, reduced family labor of old farmers, low financial returns from agriculture and climate irregularity. However, these factors were not sufficient for the end of the planting of agroecological intercropping with cotton. In the first two phases these were important initiatives to commercialize cotton at a higher price than those of conventional cotton, but with little guarantee of continuity, based on sporadic and non-durable contracts, and it is not easy to reach and continue this differentiated market. Only in the third phase there was the guarantee of the purchase of the agroecological cotton from Ceará at a price much higher than the one practiced in the conventional market, even before cotton planting, based on fair trade. Therefore, the number of farmers and the total production of agroecological cotton increased in Ceará and other states in the Northeast of Brazil. Another difference in the commercialization of agroecological cotton in Ceará was the fact that organic certification, fully acquired by auditing until the fourth phase, was paid partially or totally by companies purchasing cotton. In 2012, with the support of a project that had technical advisory services for the development of family farming in the semiarid region of Brazil, two participatory certification organization was created in two regions of the state to make farmers be the protagonists of cotton management and have responsibility in all stages of the process such as: price negotiation, market research, processing, sale, execution of contracts and certification. In the perception of the involved in this research the cultivation of the agroecological cotton, besides being a factor of fixation of the man of the field in the rural areas, guaranteed better socioeconomic conditions, allowed improvements in the physical, chemical and biological conditions of the soil, promoted food and nutrition security and contributed to the preservation of biodiversity. It was also verified that the productive techniques changed a little during the phases and presented positive impacts in the life of thousands of families. The support of partner institutions was fundamental for the development of agroecological alternatives for the cultivation of cotton and the coexistence in the Brazilian semiarid. It was also observed that there is a possibility of productive systems for other products that may resemble to the experience of cotton and the fair and organic marketing model established in the Brazilian semiarid.
Palavras-chave: Agricultura orgânica
Algodão - Cultivo
Algodão - Comércio
Agricultura familiar
Agroecologia
Pesquisa social
CNPq: Fitotecnia
Editor: Universidade Federal de Viçosa
Titulação: Mestre em Agroecologia
Citação: CARDOSO, Nágilla Francielle Silva. Algodão agroecológico no semiárido brasileiro: da produção à comercialização. 2017. 84 f. Dissertação (Mestrado em Agroecologia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2017.
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/11714
Data do documento: 25-Mai-2017
Aparece nas coleções:Agroecologia

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
texto completo.pdftexto completo1,67 MBAdobe PDFThumbnail
Visualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.