A influência socioeconômica do fomento florestal e da silvicultura para os produtores rurais: o caso de Peçanha, Minas Gerais

Abstract

O mercado de produtos florestais vem ganhando destaque no Brasil, em virtude de sua participação na economia. Minas Gerais é o Estado com a maior área de floresta plantada do Brasil. Entre seus municípios, destaca-se Peçanha, tanto pela produção de madeira quanto pela inserção de seus produtores rurais na cadeia produtiva da indústria de celulose, já que o município possui o maior número de contratos de fomento florestal do Estado. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar como a Silvicultura e o Programa de Fomento Florestal, proposto pela indústria de celulose em Minas Gerais, impactam socioeconomicamente na vida dos produtores rurais que participam da cadeia produtiva da indústria de papel e celulose no município de Peçanha, MG. Para entender essas questões, foi mapeado o desenvolvimento da floresta plantada no município de Peçanha, evidenciando tanto as florestas das empresas privadas quanto as dos produtores rurais, integrados ou não à indústria de celulose. Posteriormente, foi analisada a influência da Silvicultura e do fomento na vida das famílias dos produtores rurais. Optou-se por realizar uma pesquisa de cunhos metodologicamente exploratório, descritivo e explicativo. Trata-se também de uma pesquisa bibliográfica, documental, de campo e de estudo de caso. Foram utilizados dados primários obtidos por meio de entrevistas com produtores fomentados e produtores independentes e dados secundários sobre o setor florestal do município, como mapas de uso e ocupação do solo, obtidos por meio do Projeto MapBiomas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de relatórios da indústria de celulose. Como resultado, constatou-se que houve aumento da área de floresta plantada e redução das áreas de pastagem e de agricultura da produção de madeira para a indústria de celulose e para a produção de carvão vegetal, destinado ao setor siderúrgico. Os produtores fomentados demonstraram satisfação em trabalhar com a Silvicultura, sendo, hoje, a participação e ampliação no programa de fomento florestal da empresa de celulose seu principal objetivo, uma vez que os recursos obtidos com a venda garantida da madeira têm resultado em aumento da qualidade de vida dos produtores e de suas famílias. A área de Silvicultura vem se expandindo, principalmente sobre as áreas dpastagem e de agricultura. Para os produtores fomentados e produtores independentes, a Silvicultura tem ampliado as oportunidades e possibilidades de escolha. A participação no programa de fomento florestal tem promovido o aumento da renda das famílias, influenciando a diversificação da produção, o investimento nas propriedades, nos estudos dos filhos e na abertura de novas oportunidades de negócio nas zonas rural e urbana. O Índice de Desenvolvimento da Familia (IDF) e o Índice de Desenvolvimento do Produtor Silvicultor (IDPS) mostram que os produtores fomentados apresentam índices de desenvolvimento melhores que os produtores independentes, vindo ao encontro da percepção social e econômica dos produtores em relação à silvicultura, principalmente quando desenvolvida dentro do programa de fomento florestal.

The market of forest products has been gaining prominence in Brazil, due to its participation in the economy. Minas Gerais is the State with the largest planted forest area in the country. Among its municipalities, Peçanha stands out, both for the production of wood and for the insertion of its farmers in the productive chain of the pulp industry, since the municipality has the largest number of forest development contracts in the State. The overall objective of this work was to analyze how Silviculture and the Forestry Development Program proposed by the pulp industry in Minas Gerais socioeconomically impact on the lives of farmers who participate in the production chain of the pulp and paper industry in the city of Peçanha, State of Minas Gerais. To understand these issues, the development of the forest planted in this municipality from 1986 to 2017 was mapped, showing both the forests of the pulp company and those of rural producers integrated or not into the pulp industry. Afterwards, the influence of Silviculture and the promotion in the lives of the farmers’ families was analyzed. It was decided to conduct a methodologically exploratory, descriptive and explanatory experiment. It is also a bibliographic, documentary, field and case study research. Primary data obtained through interviews with sponsored producers, independent producers and collaborators in the pulp industry and secondary data on the municipality's forestry sector were used. These data were maps of land use and occupation, obtained through the MapBiomas Project of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and reports from the pulp industry. As a result, it was found that there was an increase in the planted forest area and a reduction in pasture and farming areas; this increase has been occurring mainly in the areas of the farmers. There was also an increase in the production of wood for the pulp industry and for the production of charcoal destined for the steel sector. The farmers show satisfaction in working with silviculture, and among the assisted ones, the expansion of development areas has been the main objective, since the resources obtained from the guaranteed sale of wood have resulted in an increase in the quality of life of the farmers and their families. For the assisted farmers and independent producers, forestry has expanded the opportunities and possibilities of choice, leading to improvements in the quality of life of these producers' families. Thparticipation in the forestry development program has promoted an increase in family income and has influenced the diversification of production, investments in the farm, the education of children and the opening of new business opportunities in rural and urban areas. The Family Development Index (FDI) and the Forestry Producer Development Index (IDPS) show that the assisted producers have better development rates than independent producers, which corroborates the social and economic perception of producers in relation to forestry, especially when it is developed within the forest development program.