Análise do perfil e condições de parto de mulheres atendidas em uma maternidade da zona da mata mineira

Abstract

Cerca de 830 mulheres morrem diariamente em consequência de complicações da gestação, parto e puerpério. Nesse sentido o presente estudo tem como objetivo ava- liar o perfil e condições de parto de mulheres atendidas em uma maternidade da Zona da Mata mineira. Estudo transversal, de abordagem quantitativa, desenvolvido de março a junho de 2022, em um hospital da Zona da Mata Mineira. Foi aplicado um questionário semiestruturado que contemplou questões relacionadas as condições socioeconômicas, história obstétrica e de parto, intervenções realizadas durante o tra- balho de parto e parto e boas práticas de assistência ao parto, realizou-se um curso de capacitação para profissionais de saúde da atenção primaria do município de Vi- çosa-MG, onde foi executada uma explanação e discussão coletiva, a partir das falas dos colaboradores, constando relatos verídicos de mulheres que vivenciaram a VO. De acordo com cada fala, os palestrantes abordaram os temas, aprofundando o conhecimento na identificação e prevenção da VO. Realizou-se análise descritiva. Para verificar a associação existente entre as amostras independentes foi usado os Testes de Qui-quadrado e Exato de Fisher, para estimar a razão de chance-Odds Ratio (OR) utilizou-se regressão logística binária, e para testar a associação entre o pré e pós- teste utilizou-se análise descritiva e comparação de médias, considerando Intervalo de Confiança a 95% (IC95%) e nível de significância (p<0,05) para todos os testes. Os dados foram analisados no SPSS. Participaram do estudo 272 puérperas, com predomínio da faixa etária de 20 a 34 anos, sendo 72,1% autodeclaradas não brancas, 59,9% relataram viver com companheiro, 52,2% tinham ensino médio, enquanto 30,2% das entrevistadas possuíam renda de um a três salários mínimos. Quanto à história obstétrica e de parto 61,8% tiveram parto cesáreo e 78,9% tinham idade ges tacional entre 38 a 42 semanas. Constatou-se que o parto cesáreo apresentou maior chance de ser realizado entre as mulheres mais velhas, com maiores rendas, maior escolaridade, autodeclaradas brancas e sem companheiros. Identificou-se que o alojamento coletivo, o contato com o bebê no pós-parto imediato, segurar o bebê e ama- mentar na sala de parto tiveram maiores chances de acontecerem no parto normal.Quanto a avaliação do conhecimento sobre VO e o conhecimento dos fatores associados a VO, foram apresentados aspectos positivos em comparação ao pré e pós-teste, tendo significância estatística nos três grupos, no entanto no grupo dos enfermeiros o conhecimento sobre VO não diferiu entre o pré e pós-teste. Evidenciou-se que a maioria das boas práticas de assistência ao parto estiveram associadas ao parto normal, porém ainda há necessidade de melhorias na atenção a humanização do parto cesáreo. A assistência pré-natal, ofertada pela equipe multiprofissional, em especial pelo enfermeiro, é fundamental para a humanização do cuidado à gestante e para emponderá-la quanto ao acesso a informações sobre parto e puerpério, assim como a capacitação continuada é capaz de aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde em relação ao tema VO. Palavras-chave: Parto Humanizado. Violência Obstétrica. Serviços de Saúde Ma- terno-Infantil. Tocologia. Centros de Assistência à Gravidez e ao Parto.

Approximately 830 women die daily due to complications during pregnancy, childbirth, and postpartum. In this sense, the present study aims to evaluate the profile and delivery conditions of women assisted at a maternity hospital in the Zona da Mata region of Minas Gerais. A cross-sectional study with a quantitative approach was conducted from March to June 2022 at a hospital in the Zona da Mata region of Minas Gerais. A semi-structured questionnaire was applied that addressed socioeconomic conditions, obstetric and delivery history, interventions performed during labor and delivery, and good practices for delivery assistance. A training course for primary healthcare professionals in the municipality of Viçosa-MG was also conducted, where a collective discussion was held based on the collaborators' speeches, including true stories of women who experienced obstetric violence. Based on each speech, the speakers addressed the topics, deepening knowledge in the identification and prevention of obstetric violence. Descriptive analysis was performed. To verify the association between independent samples, the Chi-square and Fisher's exact tests were used. Binary logistic regression was used to estimate the Odds Ratio (OR) chance ratio, and descriptive analysis and comparison of means were used to test the association between pre- and post-tests, considering a 95% confidence interval (CI95%) and a significance level (p<0.05) for all tests. The data were analyzed using SPSS. A total of 272 postpartum women participated in the study, with a predominance of the age group between 20 and 34 years old, with 72.1% self-declared as non-white, 59.9% reported living with a partner, 52.2% had completed high school, and 30.2% of the interviewees had a monthly income of one to three minimum wages. Regarding obstetric and delivery history, 61.8% had a cesarean delivery, and 78.9% had a gestational age between 38 and 42 weeks. It was found that cesarean delivery was more likely to be performed among older women, with higher income, higher education, self-declared as white, and without partners. It was identified that collective lodging, contact with the baby immediately after birth, holding the baby, and breastfeeding in the delivery room were more likely to occur in normal delivery. Regarding the evaluation of knowledge about obstetric violence and knowledge of factors associated with obstetric violence, positive aspects were presented compared to the pre and post- test, with statistical significance in all three groups. However, in the group of nurses, knowledge about obstetric violence did not differ between the pre and post-test. It was evidenced that most good practices for delivery assistance were associated with normal delivery, but there is still a need for improvements in the attention to humanization of cesarean delivery. Prenatal care, offered by the multidisciplinary team, especially by nurses, is essential for the humanization of care for pregnant women and to empower them regarding access to information about childbirth and postpartum. Continuous training is also capable of increasing healthcare professionals' knowledge regarding the topic of obstetric violence. Keywords: Humanizing Delivery. Obstetric Violence. Maternal-Child Health Services. Midwifery. Birthing Centers.